sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

THE  POWER  OF  LOVE

ACOMPANHADO DA BAND THE BIG CHIEFS, O PIANISTA LUCIANO LEÃES APRESENTA SEU PRIMEIRO TRABALHO AUTORAL.
* Por Heloísa Godoy Fagundes


Na estrada há 20 anos se apresentando como sideman de diversos nomes de peso da música nacional e internacional, Luciano Leães apresenta seu primeiro trabalho autoral. Intitulado “The Power of Love” o álbum, viabilizado via crowdfunding e, magistralmente elaborado, revela onze canções assinadas pelo músico. Ao lado de Luciano estão os Big Chiefs – banda que o acompanha, composta por: Edu Meirelles (baixo); Alexandre Loureiro (bateria) e Gabriel Guedes (guitarra). Leães coproduziu “The Power of Love” ao lado de Paulo Arcari (que também fez a mixagem), com finalização e masterização em Nashville, Tennessee (EUA), por Russ Ragsdale – engenheiro de som e produtor norte-americano que leva no currículo, colaborações com Michael Jackson, Muddy Waters, Leon Russell, Edgar Winter, Travelling Wilburys, entre outros. Entre as participações, Ron Levy, pianista e organista de B.B. King nos anos 1970; a guitarra do músico gaúcho Solon Fishbone; a atual sensação do blues tupiniquim, o guitarrista Igor Prado; a gaita de boca de Gaspo Harmônica; além dos norte-americanos Rex Gregory (Clarinete), Ben Polcer (trompete) e John Ramm (trombone), trio de sopros capitaneado por Matt Aguiluz, engenheiro de som da Preservation Hall, e proprietário do Marigny Studios, em New Orleans.  



 TAKE ME TO THE TOP feat. IGOR PRADO (guitar)
ALBUM: "THE POWER OF LOVE"

Luciano Leães – piano, vocals and bass
Alexandre Loureiro - drums
Igor Prado – guitar
Ronaldo Pereira – Tenor Sax
Rodrigo Siervo – Baritone Sax


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* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer, há 10 anos no mercado musical de revistas, já trabalhou na extinta Revista Weril e agora é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas. 


29ª EDIÇÃO DA REVISTA KEYBOARD BRASIL / Dezembro de 2015 

CLIQUE NO LINK: http://bancadigital.com.br/keyboard/hotsite/


EDITORIAL - DEZEMBRO de 2015


Com muito pesar começo o editorial deste mês lamentando o falecimento do músico independente e extremamente talentoso, Daniel Lewen, gaúcho de Porto Alegre. Dedico esta edição a ele. Aliás, este mês, nossa revista está maior do que o habitual, são mais de 20 páginas para brindarmos as festas de final de ano fechando 2015 com garra e perseverança, palavras-chave para continuar seguindo nosso caminho cultural! Este mês, nosso colunista e autoridade máxima do Rock Progressivo Amyr Cantusio Jr é a nossa capa. O músico sem papas na língua, além de ser nosso entrevistado do mês, presenteia vocês leitores com uma entrevista direto da Espanha, com o músico Michel Huygen, idealizador da banda progressiva eletrônica Neuroniun, considerado um dos melhores compositores do gênero da Europa. A edição segue com homenagens de grandes nomes que se foram mas que deixaram enormes legados, como Jimmy Smith e Johnn Lenon; e apresenta lançamentos de bandas e músicos nacionais (alô músicos), como o FCLG - Funk Como Le Gusta e Eron Guarnieri, Luciano Leães e seu novo trabalho, acompanhado da banda The Big Chiefs, finalizando com a banda Musiquins e o lançamento do CD Maria Maré; além de dicas como a de Murilo Muraah sobre  produção musical e Luiz Carlos Rigo Uhlik sobre pianos acústico e digital. Abordando a música clássica, nosso maestro Osvaldo Colarusso discorre sobre Theodore Adorno. Finalizando temos a coluna de Luiz Bersou, abordando os mais diversos temas de nossa atual realidade brasileira. Obrigada a todos (equipe, colaboradores, parceiros, leitores, músicos, admiradores da boa música e da cultura), excelente leitura, feliz Natal e boas festas!!! E que venha 2016!!! 


Heloísa Godoy Fagundes - publisher
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* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer, há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e agora é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas. 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016


O QUE ESTAMOS FAZENDO COM A CLASSE MÉDIA?  - PARTE 1  

O QUE TEMOS EM COMUM COM OS SOFISTAS GREGOS DO PASSADO? PARA RESPONDER ESSA PERGUNTA TÃO ATUAL, BASTA LER O TEXTO DO PROFESSOR BERSOU!
* Por Luiz Bersou


TALES DE MILETO E A SÉTIMA PERGUNTA...
Tales de Mileto foi considerado um dos sete sábios da Grécia Antiga. O seu legado se perdeu no tempo e hoje só nos restam citações dos seus contemporâneos. Outro dia ganhei um presente que foram as 9 respostas de Talesàs perguntas dos sofistas gregos. Todas brilhantes, mas a 7a é muito adequada ao nosso momento atual.

SOFISTAS GREGOS...
A Grécia teve um momento em que o centro de interesses da sociedade era a educação, pois no imaginário da época, era o caminho para a perfeição e virtude. Nesse ambiente, os debates públicos, as palestras de quem tivesse o que falar atraiam público. Foi nesse contexto que nasceu o sofismo.

Sofistas privilegiavam a beleza do discurso, a retórica e o brilho da oratória, tudo em prol do poder do convencimento. Nesse contexto de valorização do poder do convencimento, perde-se no tempo, o compromisso com a verdade. A verdade ficou em segundo plano. Um registro interessante desse momento histórico, nos diz que os sofistas foram os primeiros advogados da história ocidental!!

Volto então o pensamento para os juízes no Supremo Tribunal Federal. Percebo a preocupação com o brilho da oratória, a beleza do discurso e a preocupação clara em aparecer bem na fotografia. Voltando no passado, aparece o registro de quantas vezes esse tribunal deixou de ser tribunal onde fica o altar da honra e da justiça para ser partícipe em jogadas de interesses de políticos de ocasião, na defesa de temas de Estado de Direito de honra duvidosa. Faço, então, a pergunta delicada: Que pensamento posso elaborar sobre juízes e sofistas?

A CIÊNCIA DA VERDADE...
Ampliando as considerações sobre juízes, coloco essa questão no contexto atual, afirmando que socialistas, petistas e comunistas de hoje nada mais são do que os sofistas gregos do passado, que a sociedade de então soube identificar e rejeitar. Foi nessa luta que se reforçaram as bases da filosofia,que nasceu lá e que nada mais é do que a ciência da verdade!

Continua na próxima Revista Keyboard Brasil...

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Atualmente dirigindo a BCA ConsultoriaLuiz Bersou possui formação em engenharia naval, marketing e finanças. É escritor, palestrante, autor de teses, além de ser pianista e esportista. Participa ativamente em inúmeros projetos de engenharia, finanças, recuperação de empresas, lançamento de produtos no mercado, implantação de tecnologias e marcas no Brasil e no exterior. 





O MINISTÉRIO DA SAÚDE ADVERTE: AS OBRAS DE Pierre  Boulez NÃO FAZEM MAL À SAÚDE


DA ARIDEZ AO CAMINHO MÁGICO DA RESSONÂNCIA BOULEZ ASSUMIU UM ESTILO QUE O TORNOU INCONFUNDÍVEL, AFUGENTANDO PREGUIÇOSOS, INCAPAZES E ALIENADOS. 

** Por Maestro Osvaldo Colarusso


Homenagem póstuma a Boulez na cidade americana de Chicago.

Pierre Boulez, falecido aos 90 anos no início de janeiro, ficou muito mais conhecido por sua atividade como maestro do que pelo seu trabalho como compositor. Penso mesmo que apenas como compositor ele não viveria numa enorme vila em meio a um gigantesco bosque em Baden-Baden na Alemanha, onde estão dezenas de valiosíssimas obras de arte. Sei que sua obra não é fácil de ser compreendida, mas é fato também a atitude tipicamente hostil do público de música clássica frente à criação contemporânea. 

Diante desta hostilidade muitos compositores, alguns até mesmo com as melhores intenções, resolveram “dourar a pílula”, facilitar as coisas para o ouvinte, e mudaram de estilo. Se observarmos certos compositores contemporâneos de Boulez, e que escreveram obras tão herméticas quanto as dele, percebemos em Boulez um tipo de firmeza que não ocorreu entre muitos de seus colegas. Karlheinz Stockhausen (1928-2007) por exemplo, um dos mais importantes compositores da segunda metade do século XX, autor de “Zeitmasse” e “Gruppen”, a partir dos anos 60 do século passado dedicou-se mais a happenings, verdadeiros shows onde a música, que se tornou capenga, era apenas um pano de fundo para seu “esdrúxulo” espetáculo. Luciano Berio (1924-2003), autor de obras primas como “Sinfonia” e das maravilhosas “Sequenzas”, em seus últimos anos de vida parou de compor e se dedicou exclusivamente, com resultados discutíveis, a orquestrar e completar obras de compositores do passado (Brahms, Puccini, Schubert, etc.). No caso de Krzysztof Penderecki (nascido em 1933) a mudança foi brutal, sendo que o ousado compositor de “Trenodias para as vítimas de Hiroshima” (1960) tornou-se uma espécie de neo-Bruckner em suas composições atuais. Mesmo os compositores mais jovens largaram uma postura ousada para se tornarem arautos do conservadorismo. É o caso do inglês Thomas Adés (nascido em 1977) que depois da originalidade de obras como Asyla (1977) dirigiu-se para um estilo bem mais açucarado. Aliás Penderecki e Adés são os campeões mundiais de encomendas destinadas a compositores de música clássica. A mudança de estilo foi bem providencial.


UMA PRODUÇÃO DESAFIADORA...

Répons de Boulez em recente apresentação em Paris.

Voltando a Boulez percebemos que sua produção evoluiu, amadureceu, mas nunca retrocedeu. Quando nos deparamos frente às suas primeiras obras importantes, como suas duas primeiras Sonatas para piano (1949-1950), percebemos uma certa aridez. Mas a partir de “Le marteau sans maître” (1955), obra para meio soprano e pequeno conjunto instrumental, o caminho mágico da ressonância parecia se abrir. Em 1965, com a obra “Éclat”, para pequeno conjunto instrumental, o som de Boulez assume um estilo que se tornou inconfundível. Reforço a questão da “ressonância” pois ao privilegiar instrumentos como a harpa, o vibrafone, o glockenspiel, o cimbalum, o violão e mesmo o piano, suas obras tornam-se realmente fascinantes por este processo “ressonante”. 

Uma de minhas obras favoritas do compositor, “Sur incises” (1996-1998), escrita para três harpas, três pianos e três percussionistas mostra, além de um vocabulário sempre novo, esta capacidade de certos instrumentos se complementarem. A culminância de sua linguagem acontece na obra “Répons”, concluída em 1984. As ressonâncias são enriquecidas por processos eletrônicos que modificam ao vivo os sons dos seis solistas (harpa, cimbalum, vibrafone, glockenspiel/xilofone e dois pianos). Obra ambiciosa, necessita, para ser executada, um espaço em que os seis solistas se coloquem a uma certa distância em volta da orquestra que deverá ficar no meio do espaço. Uma verdadeira Sinfonia onde percebemos nos seus 40 minutos de duração claras divisões de movimentos: uma introdução agitada, a entrada dos solistas, um movimento central bem lento, espécie de marcha soturna, um Scherzo rapidíssimo, e um Finale onde os sons se esvaem.

Mesmo com tantas dificuldades técnicas e de logística “Répons” foi executada em diversas cidades da Europa e Estados Unidos, e creio mesmo que a completa percepção da obra se dá mesmo numa execução ao vivo. Não há dúvida que muitas composições da última fase do autor, como “Dérive 1”, Dérive 2” (sua última obra completada, de 2006) e a versão orquestral de “Notations” são mesmo muito mais sedutoras, mas sua complexidade não facilita muito a sua realização e nem a sua compreensão. Em diversas ocasiões Boulez usou o termo “alienante” para composições previsíveis. Sua ideia sempre foi de lançar um desafio a quem mergulhava em suas obras, fosse esse um ouvinte ou um executante.

NOVOS INTÉRPRETES...

Ensaiando com Daniel Barenboim (ao piano), para concertos no Royal Festival Hall, Londres, em 2011. 

Por muito tempo as obras orquestrais de Boulez só conseguiam serem realizadas quando ele próprio regia. Felizmente as inúmeras dificuldades técnicas de suas partituras têm encontrado intérpretes competentes que continuam a fazer execuções de altíssimo nível. Entre estes intérpretes seria justo aqui citar em primeiro lugar Daniel Barenboim, que tem regido diversas obras de Boulez, como “Sur incises”, “Dérive 1” e Dérive 2” e as versões orquestrais de “Notations”, que ele próprio encomendou. Destaco três jovens e excepcionais maestros: o alemão Mathias Pintscher, que dirigiu de forma brilhante “Répons” no ano passado na nova “Philarmonie” de Paris, Ulrich Pöhl, um outro jovem maestro alemão, que também regeu “Répons” em Utrecht, na Holanda, durante um Festival Boulez em dezembro de 2015 e o francês François-Xavier Roth que tem regido com frequência a obra de Boulez sobretudo à frente da Gürzenich-Orchester Köln (Colônia). Quatro músicos fantásticos que se propuseram a manter viva uma obra que muitas vezes é desprezada e esnobada. 

Aos músicos, especialmente os pianistas, que torcem o nariz ao se depararem frente às dificuldades das partituras de Boulez é bom lembrar que uma pianista que se tornou uma reputada intérprete de Chopin e Rachmaninoff, Idil Biret, gravou, e bastante bem, as três Sonatas para piano dele. Maurizio Pollini, renomado pianista, incluiu diversas vezes “Notations” e a “Sonata N° 2” em seus recitais. A obra de Boulez não faz mal à saúde, mas tem o poder de afugentar os preguiçosos, incapazes e, como dizia o compositor, os alienados.

9 de janeiro de 1984: Pierre Boulez (direita) 
conversa com o compositor e guitarrista
 Frank Zappa e com o ministro da cultura 
da França, na época, Jack Lang, no 
Theatre de la Ville em Paris, quando ele
dirigiu 3 obras de Zappa.


Pierre Boulez, Répons - Ensemble intercontemporain - Matthias Pintscher

Zappa - 1984 Boulez conducts Zappa: The perfect stranger

Barenboim, Boulez and the Staatskapelle Berlin performing Liszt Piano Concertos (trailer)


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* Texto retirado do Blog Falando de Música, do Jornal paranaense Gazeta do Povo (link no início da matéria).
** Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado como solista. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil.





RAFAEL SANIT

O EIXO SUL-SUDESTE ESTÁ FICANDO PEQUENO DEMAIS PARA NOSSA REVISTA KEYBOARD BRASIL! ESTE MÊS, TEMOS A ALEGRIA DE APRESENTAR O MÚSICO RAFAEL SANIT, NOSSO MAIS NOVO COLABORADOR QUE TRARÁ ÓTIMAS NOTÍCIAS
MUSICAIS DAS REGIÕES NORTE E NORDESTE!

* Por Heloísa Godoy Fagundes

Tecladista, Dj e produtor Rafael Sanit iniciou sua carreira musical aos 10 anos de idade através de seu pai – Domingos Santana – saxofonista e professor de Música. Seu primeiro instrumento foi bateria tocando até os 12 anos. Por sugestão de seu pai, passou a estudar teclado.

No ano de 1997, já como tecladista,começou a tocar em bares na cidade de Belém do Pará. Em seu repertório estilos diversos, tais como: Calypso (que, naquela época não era conhecido nacionalmente, e em Belém era denominado Brega), Carimbó, MPB, Baião, Xote, Reggae, Zook... Literalmente de A a Z, fazendo parte de várias bandas paraenses, além de acompanhar vários cantores regionais.

Em 2004 ingressou nas fileiras da Força Aérea Brasileira ficando durante 4 anos longe dos palcos e shows. Quatro anos depois, já como civil, retornou seus trabalhos musicais, desta vez em Igrejas sendo, também,  tecladista e produtor da banda cristã paraense EM MILAGRE, onde produziu o CD “Vida em Milagre” e acompanhou vários cantores Cristãos como CHRIS DURAN, PASTOR LUCAS, WLADIA LEYLIANE, ROBERTA DI ANGELLIS, dentre outros. Em 2015 ingressou também como DJ no segmento Gospel, atualizando-se de forma constante em música eletrônica.

Atualmente, trabalha como produtor nos estúdios M2 e Top 3 em Belém e desenvolve um trabalho instrumental com seu quarteto RAFAEL SANIT QUARTETO tocando Jazz e música brasileira. Ainda este ano, atuará como tecladista, Dj e produtor em sua banda cristã de rock alternativo ADORAÇÃO MUSICAL, trabalho  voltado à música eletrônica. 

Rafael Sanit é endorsee das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos e Jones Jeans, além de trabalhar como demonstrador de produtos Roland onde realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops.

Saiba mais sobre Rafael Sanit:

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* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer, há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e agora é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas. 




quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016



O DOM MELÓDICO E PROGRESSIVO DE tony banks

POR DETRÁS DAS TECLAS DE UMA DAS BANDAS DE ROCK MAIS BEM SUCEDIDAS DE TODOS OS TEMPOS – GENESIS – ESTÁ TONY BANKS, O HOMEM QUE DEU UMA DIMENSÃO FANTÁSTICA ÀS MELODIAS E HARMONIAS DO ROCK PROGRESSIVO.  

* Por Amyr Cantusio Jr.

Essa foi a formação que gravou alguns 
dos maiores clássicos do rock 
progressivo, na primeira metade dos 
anos 70. Da esquerda para a 
direita: Gabriel, Collins, Banks, 
Rutherford e Hackett.


Anthony George Banks ou, simplesmente, Tony Banks,  nasceu em Oriente Hoathly, Sussex, Inglaterra no ano de 1950. Tecladista, compositor e violonista, recebeu formação clássica em piano e aprendeu sozinho a tocar guitarra.  

Banks e Gabriel, juntamente com o baterista Chris Stewart, formaram uma banda chamada Garden Wall. Esta banda fundiu com outra chamada Anon, que incluiu Mike Rutherford e Anthony Phillips. Juntos gravaram um conjunto de demos, o que levou à formação da grandiosa banda Genesis. O Primeiro disco realmente forte e importante do grupo foi o TRESPASS (1970) onde o Genesis já definia os rumos e adquiriu seu estilo bizarro, sinfônico e surreal para sempre (aqui o baterista John Mayhew faz um maravilhoso trabalho). O disco antecessor “From Genesis to Revelation”, de 1969, tem raros momentos bons, pois o grupo ainda não havia se definido.

Com a entrada de Phil Collins e Steve Hackett, o Genesis adquiriu o status de super grupo, algo que poucos grupos da época atingiram, tal como o Yes. O disco em questão é o lindo “Nursery Cryme” (1971). Depois seguem as obras primas: “Foxtrot”, de 1972; “Selling England by the Pound” (1973) - que faturou ao grupo o disco de ouro; “The Lamb Lies Down on Broadway”, de  1974 (duplo! Considero  o  ponto máximo e o melhor disco da banda e de toda a história do rock progressivo). “A Trick of the Tail”, de 1976 (ainda maravilhoso e já sem Peter Gabriel, com Phil Collins assumindo os vocais); “Wind & Wuthering”, de  1976 - ainda lindíssimo e mostra o talento máximo de Anthony Banks no foro orquestral; “And Then There Where Three”, de 1978, fecha a história em alto nível. Os teclados de Banks aqui são estupendos, pois cobrem toda a lacuna deixada com a saída de Steve Hackett do grupo. Lindo disco. Melancólico e sofisticado.

Citarei os dois discos ao VIVO, são eles: “GENESIS LIVE” ( 1973) - mágico! Uma obra imperdível, e o “SECOND'S OUT”, de 1977 (duplo com dois bateras: Phil Collins e Chester Thompson, além da participação de Bill Brufford (Yes) em algumas faixas. Uma obra derradeira. Depois disto, o Genesis virou “carne de vaca” com um sucesso pop ali, outro acolá, enfim.

Anthony Banks lançaria seu primeiro LP solo em 1979 “A Curious Feeling” com o baterista Chester Thompson e o vocalista  Kim Beacon. Amo este disco! Sutil, melancólico e denso, onde Banks projeta toda sua alma e vários outros instrumentos também. Um disco altamente indicado. Pena que, posteriormente, Banks se enveredou ao Pop  mais medíocre e superficial. E, por fim, encerro sua carreira neste período musical prolífero. Pessoalmente, esta é minha opinião.

Com mais de 150 milhões de discos vendidos ao longo de sua carreira, o Genesis se consagrou com uma das bandas de maior sucesso na história do Rock e também fora dele, sendo eleito pela Revista Rolling Stone um dos 30 maiores artistas da música durante a segunda metade do Século XX.

A sonoridade, complexidade hamônica e técnica são indiscutivelmente uma das melhores encontradas no Rock Progressivo, influenciando milhares de outros músicos e bandas.

O estopim para o fim da banda, se deu em 
meados dos anos 1990, com a queda das 
vendas devido ao sucesso do movimento 
Grunge na cena Rockeira e a saída de Phil 
Collins, que passou a seguir carreira solo.

     Genesis - Turn It On Again (Live)


A seguir, listei os teclados e sintetizadores principais os quais usou para fazer a vasta obra da banda entre 1969 e 1990.
Hammond L-100 organ 
Hohner Pianet  
Mellotron MK2
RMI 368x Electra Piano e Harpsichord
MXR Phase 100 
Yamaha CP-70 electric grand piano
ARP Pro Soloist 
Hammond T-102 
Mellotron M400
ARP 2600
Polymoog
Hammond T-102 organ
Roland RS-202 s
Fender Rhodes  Piano
Yamaha CS-80,
Sequential Circuits Prophet-5 
ARP Quadrasynth 
Roland VP330 Vocoder Plus
Prophet 10 synthesiser
Synclavier II
E-mu Emulator 
Yamaha DX7 
Sequential Circuits Prophet-5 
Grand Piano (Yamaha, Steinway)

Alguns discos são imponentes, na minha opinião, tais como: ‘‘Trespass’’ (1970) foi o primeiro disco realmente forte e importante do grupo onde a banda adquiriu seu estilo bizarro, sinfônico e surreal para sempre. “Selling England by the Pound” (1973) faturou o disco de ouro. “A  Curious Feeling” (1979) foi o primeiro disco solo de Tony Banks com o baterista Chester Thompson e o vocalista Kim Beacon. Um disco sutil, melancólico e denso, onde Banks projeta toda sua alma. 

Trespass - Genesis [Full Remastered Album] (1970)


Selling England By The Pound - Genesis [Full Remastered Album] (1973)

Tony Banks - A Curious Feeling (1979) [Full Album 1080p HD]


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*Amyr Cantusio Jr. é músico piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.








POR QUE OS LIVROS DE AUTOAJUDA GERALMENTE NÃO FUNCIONAM?


ESQUEÇA OS LIVROS DE AUTOAJUDA! COLOQUE MÚSICA EM SUA VIDA E ESTABELEÇA UM EQUILÍBRIO ENTRE O CORPO E A MENTE! TEXTO PARA REFLETIR!
* Por Luiz Carlos Rigo Uhlik 

É bastante comum observar, nas livrarias e bancas de revistas, o destaque que os livros de autoajuda têm. Eles são o sucesso do momento. A grande maioria dos editores adora este tipo de “roteiro” porque vende muito. Parece que os livros de autoajuda são a solução para todos os problemas. Mas, o que se percebe, realmente, é que eles funcionam somente como autoajuda para os editores e autores. Todos eles, editores e autores, estão “muito bem, obrigado”! Mesmo os mais medíocres.

O que é que falta, então, para que os livros e os conselhos dos mestres espirituais realmente funcionem? A resposta é bastante simples: MÚSICA! A música é a única forma de estabelecer equilíbrio entre o corpo e a mente; é a única forma de “conversar com Deus, com o Divino, com o Superior, com a Fonte de Toda a Existência”!

Vamos imaginar que Deus quisesse falar com você... Por que não? Por que você acha que Deus não fala com você? Tudo bem... Você não está conseguindo ouvir. É normal! 

Aprenda a tocar um instrumento musical e você vai entender a mensagem que ele quer te passar. Somente com a música, com a vibração e o silêncio, podemos entender o que Deus quer nos dizer. E digo mais: ouça o silêncio por trás dos sons! A linguagem, a pronúncia, os fonemas, a sintaxe são coisas dos humanos. Tudo isso existe somente para que possamos compreender uns aos outros, possamos nos comunicar; ou então, possamos criar toda esta confusão que estamos vivenciando no nosso dia a dia.

Veja! Não é através da língua, falada e escrita, que Deus vai entrar em contato com você. A grande maioria das pessoas que escrevem livros de autoajuda esvazia a cabeça para encher o estômago. E isto tem se tornado comum e um grande sucesso para os editores e autores.

Portanto, se você realmente quer experimentar a magia do Universo, da conversa franca com Deus, do acesso à fonte inesgotável de alegria e felicidade, coloque música em sua vida. Música sem máscara! Música sem espelho! Música executada por você, pela sua habilidade, pelo seu jeito de ser!

O Universo, o planeta, as pessoas, Deus vão agradecer o grande passo que você estará dando em busca da realização pessoal. Isto sim é autoajuda! O resto é sucesso editorial e um grande meio de enriquecer autores.

Avante!

Aretha Franklin & Mavis Staples - Oh Happy Day

(Para adquirir a partitura completa, basta enviar um e-mail para contato@keyboard.art.br)

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Luiz Carlos Rigo Uhlik é amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961, é especialista de produtos e Consultor em Trade Marketing da Yamaha do Brasil. 

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

A mistura musical de SERGIO FERRAZ



COMPOSITOR, VIOLINISTA E TECLADISTA, SERGIO FERRAZ É UM DOS PIONEIROS NO BRASIL NA ARTE DO VIOLINO ELÉTRICO E DA SUA INCLUSÃO NA MÚSICA POPULAR E INSTRUMENTAL DE VANGUARDA. O MÚSICO GANHOU DESTAQUE NO CENÁRIO NACIONAL E INTERNACIONAL, MISTURANDO INFLUÊNCIAS DA MÚSICA INDIANA, DO JAZZ, DO ROCK PROGRESSIVO, DA MÚSICA BRASILEIRA, DA MÚSICA ARMORIAL E DA ELETROACÚSTICA DE VANGUARDA. RECENTEMENTE LANÇOU SEU SEXTO CD INTITULADO FLOATING OVER THE WAVES (FLUTUANDO SOBRE AS ONDAS), DEDICADO À COMPOSIÇÃO EM SINTETIZADORES ANALÓGICOS.

*Por Amyr Cantusio Jr. e Heloísa Godoy Fagundes




Natural de Garanhuns, Sergio Ferraz começou na idade de 9 seus estudos musicais, na época muito influenciado pelo rock das bandas dos anos 70 e do jazz fusion da Mahavishnu Orchestra, bem como o violinista de jazz rock Jean Luc Ponty, a música indiana clássica de Ravi Shankar e do flamenco de Paco de Lucia. Inicialmente, a guitarra e o violão eram seus instrumentos. Aos 12 anos já tocava guitarra em bandas de rock em Recife, iniciando seus estudos de violino no Conservatório de Música de Pernambuco, onde desenvolveu seu interesse pela música clássica.

Bacharel em música pela UFPE (Universidade Federal de Pernambuco) e residindo em Recife, Sergio Ferraz é um músico atuante na cena pernambucana desde meados dos anos 80. Da guitarra para o violino formou, no início da década de 90, o grupo Alma em Água com o qual participou de importantes eventos em Pernambuco, como o Projeto Seis e Meia, no Teatro do Parque, abrindo para o grupo carioca Boca-Livre em 1993. Ainda com o grupo Alma em Água, foi destaque do Festival de Inverno de Garanhuns de 1995 e 96 no Palco Guadalajara, além de participar do primeiro projeto REC BEAT.  

Em 1997 foi contratado pela produtora norte-americana Rena Shagan Associates, sendo o único grupo brasileiro selecionado para uma grande turnê tocando nas principais cidades dos Estados Unidos.

Em meados de 2001 formou o grupo instrumental Sonoris Fábrica, que reuniu elementos do jazz e da música nordestina, tocando em diversos festivais na cidade de Recife, tais como Recife Jazz Festival em 2003, 2004 e 2008 e Festival de Inverno de Garanhuns em 2003 e 2009, no Palco Instrumental.

No ano de 2008, Ferraz foi convidado pelo Escritor Ariano Suassuna para integrar o grupo de artistas de suas aulas-espetáculos. Também neste ano, Ferraz passou a fazer parte do Quarteto Romançal.

Em 2010 lançou, no Teatro de Santa Isabel, o CD Segundo Romançário, um duo de violino e violão em parceria com Antonio Zoca Madureira, líder e fundador do lendário Quinteto Armorial. Neste trabalho, Ferraz explorou as sonoridades e estilos do violino na música nordestina. Com este duo de violino e violão participou da Mostra Internacional de Música em Olinda (MIMO 2010).

Em 2011, com o seu grupo instrumental Sonoris Fábrica lançou com show no Teatro de Santa Isabel o CD homônimo. Com este trabalho se apresentou em diversos palcos em Pernambuco, como o Festival de Inverno de Garanhuns, a MIMO 2011, e seguiu para São Paulo, onde gravou para o SESC TV no Programa Instrumental Brasil.

Em Outubro do mesmo ano, participou da WOMEX 2011, em Copenhagen, Dinamarca. Em dezembro lançou seu primeiro CD solo Dançando aos Pés de Shiva, que alcançou sucesso de venda com 1000 cópias vendidas em apenas 1 mês, partindo para a sua segunda tiragem.



O CD com 12 faixas autoral foi todo produzido, arranjado e executado pelo próprio Ferraz, que além do violino elétrico tocou também piano e sintetizadores. O trabalho contou ainda com a participação do percussionista Jerimum de Olinda em 6 músicas do CD. Trata-se de um trabalho instrumental onde o violino elétrico é o instrumento solista explorando diversos timbres, e dialogando com a percussão. Neste seu CD solo, além da inspiração indiana, ressalta-se, também, elementos da música minimalista, atonal e eletroacústica. Com este trabalho, o músico fez diversas apresentações em Pernambuco, Rio de Janeiro e em São Paulo.

Em 2012, compôs e estreou um Concerto para violino e orquestra intitulado “Concerto Armorial”, dedicado ao escritor Ariano Suassuna, estreado no Teatro de Santa Isabel pela Orquestra Sinfônica Jovem do Conservatório Pernambucano de Música, sendo o próprio Sérgio Ferraz solista do concerto.

Ainda em 2012, Ferraz concluiu a gravação do segundo CD solo, A Sublime Ciência e o Soberano Segredo. Um trabalho, fruto de seus estudos sobre a música eletrônica erudita, da música minimalista e indiana que trazia ainda uma forte influência do rock progressivo dos anos 70. Nele, Ferraz tocou, além do violino elétrico, sintetizadores analógicos Moog Little PhattyStage II, Roland Gaia SH- 01.

Contou ainda com a participação de Jerimum de Olinda, percussionista titular de Geraldo Azevedo e que recentemente tocou e gravou com o consagrado percussionista Naná Vasconcelos. No baixo elétrico e piano teve a participação de seu filho Gustavo Ferraz. 

Três dos quatro CDs de Ferraz foram vencedores do Prêmio da Música Pernambucana, na categoria de Melhor CD Instrumental. São eles: Sergundo Romançário (2010), Dançando aos Pés de Shiva (2012) e A Sublime Ciência e O Soberano Segredo (2014).

Ferraz também é integrante da Orquestra de Câmara de Pernambuco, e vem também se dedicando a composição de músicas Eletroacústicas, Concreta e peças para orquestra. Seu trabalho Electronic Imaginary Soundscapes, publicado apenas virtualmente no SoundCloud (endereço no ícone da página) vem despertando grande interesse por parte do público especializado.

Em 2014, lançou seu quinto CD Concerto Armorial, com a participação da Orquestra de Câmara de Pernambuco, sob a regência do Maestro José Renato Aciolly.

Ao final de 2015 Ferraz lançou seu sexto CD Flutuando Sobre As Ondas. Um trabalho conceitual no qual explora as sonoridades dos sintetizadores analógicos além do violino elétrico. O CD foi totalmente produzido, gravado, composto e tocado pelo músico e contém forte influência dos compositores de música eletrônica alemã do Kraut Rock e do Rock Progressivo instrumental.


ENTREVISTA...

Revista Keyboard Brasil: Para irmos direto ao ponto, quais suas influências musicais e formação? Cite grupos, músicos, discos, teus estudos e preferências musicais a vontade.
Sergio Ferraz: Tive a sorte de ouvir muita coisa boa já na minha infância. Até os meus 7 anos, morava em Garanhuns (cidade florida de clima frio do agreste de Pernambuco). Era a década de 70 e na rádio tocava Beatles, Elvis, Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro... Eu já era louco por música, Rock principalmente, pirava quando via uma guitarra, queria pegar e tocar. Perto de completar 8 anos me mudei para Recife. Sempre convivi com pessoas mais velhas e, morando no Recife, comecei a ouvir Deep Purple, Led Zeppelin, Rush... Aos 9 anos finalmente consegui um violão e fui para uma escola de música aprender... Logo depois ganhei minha primeira guitarra, formava banda com os amigos... Cada vez mais fui tomando gosto por aprender. Sempre quis ir fundo na música.  Quando ouvi John McLaughlin e a sua fantástica Mahavishnu Orchestra com Jean Luc Ponty entendi naquele momento qual era o meu caminho. Muitos discos e artistas foram e são de grande importância e influência na minha vida. Todos os discos da Mahavishnu Orchestra, também do Jean Luc Ponty, Ravi Shankar e Yehudi Menuhim (West Meets East), Yes (Fragile, Close To The Edge, Yessongs…), Rick Wakeman (Jorney to The Center of The Earth), ELP (Trilogy), Rush (do primeiro álbum até o Grace Under Pressure), Pink Floyd (todos), Klaus Schulze (Time Wind). Aos 12 anos fui para o Conservatório Pernambucano de Música estudar violino. Nessa época, passei a ouvir e tocar muita música erudita: Bach, Paganini, Liszt, Chopin, Beethoven, Mozart, Bartok, Stravinsky... Depois me graduei em Bacharelado em Música na Universidade Federal de Pernambuco e passei a compor melhor, escrevi meu Concerto para Violino e me interessei mais profunda-mente pela música eletroacústica, a música do Stockhausen, Pierre Boulez, John Cage, Webern...

Revista Keyboard Brasil: Qual tua formação Universitária atual? (Outras)? Especializações na Música? Arte geral?
Sergio Ferraz: Sou graduado em Bacharelado em Música pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) com especialização em violino. Durante uma época também trabalhei muito o conceito da Música Armorial (mistura da música erudita com elementos das etnias que formam o povo brasileiro) e também por técnicas de composições pós-tonal, serialismo, minimalismo, música concreta, acusmática... Também pinto e desenho, me interesso por artes plásticas e dança. Gosto de compor para dança contemporânea. Desde cedo me interesso por Filosofia, Antroposofia...

Revista Keyboard Brasil: Sobre o movimento armorial, por que se interessou e como foi trabalhar com Ariano Suassuna?
Sergio Ferraz: A ideia de Ariano Suassuna em reunir músicos e compositores de alto nível para compor e desenvolver uma sonoridade que representasse a cultura nordestina foi de fato uma experiência bastante exitosa. Vale lembrar que isso aconteceu em final dos anos 60. Ouvi pela primeira vez no final dos anos 80 o Quinteto Armorial e a Orquestra Armorial de Câmara tocando uma música instrumental virtuosa e de sonoridade única, isso me chamou muita atenção. Trabalhei com Suassuna oito anos tocando no grupo de câmara que o acompanhava nas suas aulas-espetáculo. Por trás de suas piadas havia um homem de profunda erudição, grande conhecedor da literatura Russa, Francesa, Espanhola, Portuguesa, ouvia Bach, Stravinsky, Beethoven, Bartók. Era um homem preocupado com os desvios e decadência da música brasileira, ele se preocupava em conscientizar as pessoas desse problema.

Revista Keyboard Brasil: Além da música armorial e concreta há, também, a união de muitos outros sons, como o Jazz, o rock progressivo, a música indiana e a brasileira. Você transita pelos universos e concepções musicais aparentemente mais diversos. Por conta disso, seu trabalho tem se destacado cada vez mais. Você acredita que ainda tem muito a explorar? 
Sergio Ferraz: Há um vasto caminho pela frente. A criação musical é como um oceano sem fim. Quanto mais mergulho nele, sinto que ainda posso ir mais fundo. Quero também estreitar relações com músicos do sul do Brasil, fazer novas parcerias, novos grupos. Estou a toda hora tendo ideias, espero ter tempo para por isso tudo em prática. 

RKB: Além do violino elétrico, sabemos que você toca guitarra e teclado. Mais algum instrumento? 
SF: Teve uma época que toquei um pouco de bandolin e baixo. Me interesso por instrumentos de corda e teclados, tanto acústico como elétrico. Gostaria de ter uma grande coleção desses instrumentos. Quem sabe um dia eu grave um CD, tocando todos eles, violinos, teclados, violão e guitarra. Com uma parte toda acústica e outra elétrica.

RKB: Quantos CDs gravou ao todo e quando (ano) data tua primeira obra?
SF: Tenho seis CDs lançados. São eles: Segundo Romançário de 2010 (um duo acústico de violino e violão com Antonio J. Madureira), em 2011 lancei o CD da minha banda instrumental de Jazz brasileiro Sonoris Fábrica com a qual toquei por dez anos, depois em 2012 gravei meu primeiro CD solo, Dançando aos Pés de Shiva, em 2013 A Sublime Ciência e O Soberano Segredo, 2014 Concerto Armorial e agora estou lançando Flutuando Sobre As Ondas. Eu não lembro mais em que ano comecei a compor até porque isso também sempre foi um exercício diário, sempre desde muito cedo ainda na época das primeiras bandas que toquei eu já fazia músicas, isso era final dos anos 80 início dos 90. 

RKB: Você integra o conceituado Quarteto Romançal desde os anos 90, ao lado de Antonio “Zoca” Madureira – compositor e fundador do lendário Quinteto Armorial na década de 70 , com quem gravou, em 2010, Segundo Romançário, um duo de violino e violão. Fale sobre essa parceria.
SF: Quando ouvi pela primeira vez o Quinteto Armorial não podia imaginar que anos mais tarde eu estaria tocando aquela música ao lado do seu criador, o violonista e compositor Antonio “Zoca” Madureira. Foi uma valiosa oportunidade de conhecer na fonte como aquela música fora feita. Zoca tinha gravado um álbum em duo com o baixista Rodolfo Stroeter chamado Romançário, e quando estávamos tocando juntos com o Quarteto Romançal ele achou bacana a ideia de gravar comigo um duo de violão e violino nos moldes daquele álbum, então eu sugeri o nome Segundo Romançário.

RKB: Com os violonistas Leonardo Melo e Josinaldo Costa você formou o trio de música instrumental SONORIS FÁBRICA, lançando um CD com o mesmo nome tendo um repertório de música instrumental inspirado na música brasileira de raiz popular com influências na música ibérica e no jazz. Fale sobre essa parceria.
SF: O Sonoris Fábrica foi uma feliz experiência. Tocamos em vários festivais, ganhamos prêmios e tocamos em São Paulo no SESC Instrumental Brasil (esse show foi ao ar pela SESC TV várias vezes). Em 2011 lançamos nosso CD com um belo show no Teatro de Santa Isabel no Recife. O Sonoris surgiu numa época em que a música instrumental estava parada no Recife, nós mudamos isso e abrimos caminhos para vários grupos. O Josinaldo Costa é doutor em violão erudito e reside nos Estados Unidos, ele também leciona em vários festivais de música por todo o mundo, o Leonardo está em Portugal fazendo Mestrado.

RKB: A espiritualidade da Índia é outra grande fonte de seus trabalhos. Vemos isso em Dançando aos pés de Shiva e A Sublime Ciência e o Soberano Segredo, lançados em 2012 e 2013, respectivamente. Fale sobre isso.
SF: O meu interesse pela música indiana me levou a querer saber sobre a religião Hindu. A música clássica indiana ainda conserva sua forma ritualística original, os Ragas - ligados aos chacras e às horas do dia, o papel da música indiana é conectar-se aos mundos espirituais. A música ocidental, aos poucos, foi perdendo o seu papel original de conexão espiritual como tinha o Cantochão e outras formas de música do passado. Dançando Aos Pés de Shiva é um trabalho que fala da dança cósmica de Shiva, ou seja, a dança do próprio universo. A Sublime Ciência e o Soberano Segredo foi inspirado no Bhagavad Gita, a história do guerreiro Arjuna que se vê diante do dilema de lutar contra sua própria família, uma simbologia da luta da superação. Meu novo CD, Flutuando Sobre As Ondas foi inspirado em Vishnu, o Deus mantedor do universo. Vishnu aparece sobre a forma de avatares para salvar o mundo, também aparece sobre a forma do deus que flutua sobre as ondas do oceano que é o próprio universo. Esses três CDs formam uma trilogia.

RKB: Sobre o CD A Sublime Ciência e o Soberano Segredo, além do piano e sintetizadores, você contou com a participação do percussionista Jerimum de Olinda  e do baixista Gustavo Ferraz, seu filho. O que mais o ouvinte poderá descobrir ao ouvir esse seu rico trabalho?
SF: Quando comecei a compor A Sublime Ciência e o Soberano Segredo me preocupei com a questão da espacialização sonora na composição eletrônica. Nesse álbum também trabalhei com conceitos minimalistas no que diz respeito ao uso de células rítmicas-melódicas para construir a base das composições. Outro aspecto foi a sonoridade: procurei unir os sons eletrônicos a percussão acústica do Jerimum de Olinda. Também os elementos rítmicos do nordeste estão presentes neste trabalho: maracatu, baião... Há peças atonais também. Tive também a alegria de tocar com meu filho, Gustavo Ferraz que tocou o baixo elétrico e o piano na faixa ‘‘Deus dos Ventos’’.

RKB: Em seu quinto CD Concerto Armorial você é acompanhado pela Orquestra de Câmara de Pernambuco. Fale sobre essa obra que foi dedicada ao escritor Ariano Suassuna.
SF: Dentro da composição Armorial para orquestra, o violino desempenha um papel central. Procurei na literatura e vi que nenhum dos compositores armoriais haviam escrito um concerto para violino e orquestra, então assumi eu mesmo essa tarefa. Escrevi o concerto em 2012 usando temas das minhas composições anteriores. Cada um dos movimentos está ligado a elemento que, segundo Ariano Suassuna, formam o embrião da nossa cultura. O primeiro movimento é um cavalo-marinho, um tipo de música popular de caráter brincante, o segundo (Lamento) traz os elementos ibéricos e o terceiro movimento (Zumbi) os elementos afro-brasileiros. Trata-se de um maracatunação onde usei acordes com intervalos de segunda menor em linhas contrapontísticas. A Orquestra de Câmara de Pernambuco tem permitido que jovens compositores possam mostrar suas peças, além de desempenhar um excelente trabalho de formação e ótimos instrumentistas.

RKB: Seu mais recente trabalho, Flutuando sobre as ondas, mescla técnicas da música concreta e eletrônica, derivadas do pensamento de Schaeffer e Stockhausen; do rock progressivo e do metal utilizando os sintetizadores analógicos. Como foi o processo de criação desse seu álbum ? 
SF: Flutuando Sobre As Ondas é uma extensão ou desenvolvimento de conceitos que eu já havia começado a trabalhar no álbum A Sublime Ciência e o Soberano Segredo. Explorei ainda mais a questão da espacialização sonora, os timbres dos sintetizadores analógicos, usei sons da natureza (paisagens sonoras) carros no trânsito, insetos, batida do coração, água... O colorido harmônico impressionista, escalas indianas, atonalismo. O violino nesse trabalho não é o único instrumento solista, ele divide espaço com os moog. Há, também, o uso do leit motiv. Tudo nesse álbum trabalha a favor da composição. Iniciei esse trabalho em 2013 logo após ter terminado A Sublime Ciência e concluí em 2015. 

RKB: Que tipo de som prefere fazer, independente do que gosta? Como grava tuas músicas? Instrumentos principais? Toca quais?
SF: Não consigo nem imaginar eu tocando algo que não goste. Sempre que estou envolvido em algum trabalho é porque ele reflete o momento que estou vivendo. Tem épocas que estou curtindo tocar acústico, então tenho trabalhos em formação acústica. No meu mais recente CD  Flutuando Sobre As Ondas, toquei muitos sintetizadores analógicos numa linha mais Kraut Rock. Quanto à técnica de gravação, ela também vai depender do trabalho que estou fazendo. Tenho meu próprio estúdio que está equipado para gravar instrumentos plugados, então meus sintetizadores e violinos elétricos gravo em casa mesmo. O meu novo CD, foi todo gravado no meu estúdio. Tenho dez violinos e, dependendo do trabalho, vejo qual é mais adequado; para as apresentações do novo CD uso um violino elétrico de 5 cordas da DS Desing e mais as pedaleiras e teclados que já citei acima.

RKB: Que equipamento usa para gravar? Teclados? Computador? Forma? Conteúdo?
SF: Uso softwares Sonar ou Pro Tools, meus teclados atualmente são o Moog Little PhattySatage II, Roland Gaia SH 01, Roland Juno Di, Piano Sample Casio, Pedaleiras Boss Loop Station RC 50 e RC 300, Boss GT 100, Violinos Fender (4 cordas) NS Desing (5 cordas) entre outros... Quanto à forma e conteúdo, se se refere à composição componho usando várias técnicas. Nesse novo CD, por exemplo, usei técnicas mistas incluindo música concreta, atonalismo, minimalismo, música eletroacústica harmonia impressionista, escalas indianas etc...

RKB: Qual a tua visão ESPIRITUAL da vida, da morte? No que acredita? Vida após a morte? Seres aliens? Demônios e Anjos? Deus existe?
SF: Não acredito na visão cristã de um Deus “humano” que fica observando nossas vidas e julgando o destino de cada um, quem morre, quem vive, quem vai para o “céu” ou para o “inferno”... quem vai ser rico ou pobre, quem vai ter sucesso e quem não vai, etc... Se fosse isso verdade então estaríamos ferrados nas mãos de um “Deus” muito cruel! Eu acredito em Forças, Energias que estão por aí... Não há uma “distância” entre os mundos espirituais e o plano físico. Tudo está interligado. Essas “Energias” atuam em todos os planos. Atuam em todos nós também, mas não são elas donas do nosso destino. Cabe a nós decidir nosso caminho de vida. Essas “Energias” podem interferir nas pessoas mas não decidem, cabe a cada um decidir e assumir a responsabilidade por seus próprios atos. 

RKB: Cite 5 livros e autores ESPECIAIS que fizeram e fazem a tua cabeça.
SF: Assim Falava Zaratustra, O Anticristo, A Genealogia da Moral, Ecce Homo (Nietzsche), Viagem a Ixtlan, Portas para o Infinito, Uma Estranha Realidade (C. Castañeda), Faust (Goethe), O Mundo Como Vontade e Representação (Schopenhauer), O Método Científico de Goethe, Filosofia da Liberdade (Rudolf Steiner).

RKB: Para finalizar, gostaríamos de saber sobre seus novos projetos e agradecer imensamente pela entrevista. Sucesso sempre!
SF: Espero ainda fazer muita coisa. Formar novos grupos, compor para orquestra. Tenho ideia de um concerto para violino de 5 cordas e uma outra peça para sintetizadores e orquestra. Também gosto de tocar em duo e trio, espero fazer parceria com outros artistas e sempre poder contribuir a manutenção de uma música voltada para o enriquecimento da cultura e para o espírito.

    Antonio Madureira e Sergio Ferraz - Sonata Romanesca

          Sonoris Fábrica | Floresta do Navio Sergio Ferraz | instrumental Sesc Brasil


    Sergio Ferraz - Dançando aos Pés de Shiva

 Sergio Ferraz - A Sublime Ciência e o Soberano Segredo

Sergio Ferraz - Concerto Armorial para violino e Orquestra. MIMO 2013 - Olinda


 Sergio Ferraz - Jupter Mission


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*Amyr Cantusio Jr. é músico piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.