sexta-feira, 24 de novembro de 2017

O TECLADISTA E A BUSCA DE SUA IDENTIDADE MUSICAL

NO PAPO DE TECLADISTA DESTE MÊS VAMOS ABORDAR SOBRE UM TEMA RECORRENTE E IMPORTANTÍSSIMO NO MUNDO DO MÚSICO DAS TECLAS: O CAMINHO TRAÇADO PELO TECLADISTA ATÉ CRIAR A SUA IDENTIDADE MUSICAL, A SUA ORIGINALIDADE.
 * Bruno de Freitas

Não é a toa que constantemente voltamos à história da arte da música, considerando que é a partir do que percebemos na “evolução” da música, aos poucos a nossa compreensão do fazer artístico musical se crie, e começamos a entender toda a mistura que somos, a influência que recebemos, mesmo que sem perceber, vá gerando a nossa identidade como tecladista.

E, falando em história da música, jamais poderemos esquecer os mentores verdadeiros dos tecladistas: o órgão e o piano. Não vamos abordar aqui a história de cada um, deixaremos para uma próxima, entretanto aproveito para convidar você, caro leitor, para dar uma passada nas últimas edições da Revista Keyboard Brasil, e ler a história do piano – “Piano, o Rei dos Instrumentos” – por Luiz Carlos Uhlik – matéria ímpar.

Sem minimizar a história do órgão e do piano, pelo contrário, supervalorizando cada uma, os verdadeiros mentores da técnica do tecladista são esses dois instrumentos. Vou arriscar a dizer – sem preconceito, nem mente fechada – mas, “nem todo tecladista é organista” e “nem todo tecladista é pianista” porém, arrisco a dizer – mais uma vez, sem querer criar polêmica – entretanto, “todo organista pode ser um tecladista” e “todo pianista é um tecladista em potencial”. Para ambos casos organista e pianista, bastariam alguns ajustes e familiarização para que os mesmos se tornem exímios tecladistas.

Mas por que estou entrando nesse assunto? Simples! A resposta é: técnica, estudo! Quer ser um baita tecladista? Estude piano! Quer ser um baita tecladista com independência em todos os membros, raciocínio rápido, reflexo etc? Estude órgão ou “encoste” em um professor organista! Sei que hoje é raro, entretanto é possível. O estudo sistemático e a passagem por repertório erudito, por exemplo, prepara incrivelmente o músico das teclas. Exagero aqui inclusive em comparar com o método científico: estudar piano passa por aí.

Houve uma crescente incrível na técnica pianística, se considerarmos do final do período Barroco até pouco antes do século XX. No meu ponto de vista, foi no Romantismo que a técnica e a beleza artística se entrelaçaram e atingiram juntas seu auge. É claro, não vamos aqui esquecer que Shumann, por exemplo, estudou seus antecessores Bach, Mozart e assim por diante. Como na natureza, a música não é diferente, nada se cria, tudo se transforma.

Nós, tecladistas, somos um emaranhado de junções, percepções, concepções e entendimento particular e compartilhado de música. Uma audição em um teatro, um concerto, um show, um comercial de TV, o rádio ligado no carro, a observação do toque do colega... está tudo entrando na nossa “cachola”. Tudo isso junto forma o nosso eu musical.

Além disso, temos à disposição a tecnologia. Tablets, PCs, Notebooks, sintetizadores, Instrumentos virtuais, tudo à disposição. Isso realmente é incrível. Antigamente precisávamos (exclusiva-mente) dar aulas e tocar aqui e ali para vivermos da música. Hoje, graças ao desenvolvimento tecnológico, podemos ter a nossa própria renda sem sair de casa, vendendo a nossa própria composição pela internet. Demais!

Sigamos conscientes do inacabado, da necessidade da influência do estudo sistemático, e sobretudo da humildade de quem quer aprender sempre mais, seja com o grande compositor ou com o músico de rua, da praça quinze.

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* Bruno de Freitas é Tecladista, professor, produtor, demonstrador de produtos da Yamaha, endorser da Stay Music e colaborador da Revista Keyboard Brasil









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